A área de desenvolvimento de sistemas
(softwares), embora seu objetivo seja produzir tecnologia para automatizar
processos de gestão e produção nas empresas, ela mesma é altamente dependente
de mão de obra. Em função disso há um grande desafio nas empresas de TI
relacionado a gestão de pessoas, visto que grande parte dos seus profissionais
são jovens e que trazem consigo as características próprias da sua geração como
a necessidade de navegar na internet, usar
redes sociais e smartphones, ter liberdade de horário, ter salas de
descompressão, ter liberdade de vestuário... e que muitas vezes conflitam com
os interesses da empresa e de seus gestores, que entendem que todos estes
direitos não se convertem necessariamente em produtividade.
Particularmente tenho acompanhado
estas situações ao longo dos últimos 8 anos em diferentes empresas e já vi
muita gente extremamente capacitada ser mandada embora por "não se
adequar" à política da empresa. Gente que, em empresas com uma política diferente,
gerou um resultado extremamente positivo (lucro mesmo).
A questão é: O quanto o simples cumprimento
de uma política interna garante o sucesso de uma empresa???
O quanto “o cumprimento da política“ é
responsável pelo aumento do faturamento, assertividade da estratégia comercial,
qualidade de produto, aderência ao mercado, diminuição do custo e aumento real do
lucro?
Neste sentido tenho dialogado com gestores
e defendido que a gestão precisa focar “no resultado” e não no meio com o qual
eu chego no resultado, para que não gastemos mais energia “no meio” do que no próprio resultado
em si. É claro que há limites, e que o bom senso precisa prevalecer, mas não posso concordar que, em se tratando de uma
área extremamente dependente de talentos, seja melhor perder um profissional
diferenciado capaz de trazer um resultado real pra manter uma política que na
prática não gera nenhum retorno pra empresa. Não é justificado que um gestor
torne isso uma questão de orgulho pessoal e comprometa os resultados e a
continuidade de sua empresa pra manter suas ideologias.
Se adaptarmos a política da empresa
de forma a comportar a nova geração com suas características e conseguirmos aumentar
a retenção de talentos, gerar diferencial competitivo e isso tudo nos levar a
obtenção dos resultados esperados NÃO GANHAM TODOS?
Mas como garantir o atingimento dos
resultados dentro deste modelo mais flexível? Na minha opinião a resposta está
nos seguintes itens:
1) Métrica: O que não é medido não é
controlado!!! É preciso saber quanto tempo se leva em média pra fazer cada tipo
de atividade;
2) Prazos: Todas as atividades devem
ter um prazo definido baseado na métrica e é essencial que o gestor tenha
capacidade para aferir este prazo, seja por conhecimento ou por comparação com
a métrica;
3) Acompanhamento: Durante todo o
ciclo de produção o gestor precisa acompanhar o atingimento parcial das metas
para saber se o resultado final será entregue dentro do prazo e com a qualidade
esperada, e assim possa fazer as interferências necessárias ainda durante o
desenvolvimento para corrigir a trajetória e garantir o resultado;
4) Gestão de pessoa: Voltando ao foco
de que a área de desenvolvimento é altamente dependente de pessoas não há como
gerar um bom resultado sem ser “gestor de pessoas”, sem liderar, sem motivar,
sem envolver as pessoas no objetivo, sem que elas se sintam importantes e
integrantes do resultado final. Liderar pessoas é não ter medo de discordar, mas
também estar disposto a ouvir, refletir e mudar.
5) Controle de projetos: Sem saber o
quanto foi gasto num projeto não é possível definir se ele gerou lucro ou
prejuízo, qualquer número sem o custo é mera especulação (chute). É preciso medir
o resultado em números pra saber se a estratégia está correta ou errada e tomar
as providências para corrigir ou ainda melhorar se for o caso.
Lendo a notícia que trata da
decadência do Yahoo (que chegou a ser uma gigante mundial) lembrei de uma
conversa que tive com um ex gestor meu onde falávamos sobre "home
office" e ele, numa tentativa de mostrar que a política de "home
office" não dava certo, citou a Marissa Mayer (CEO do Yahoo) dizendo que
quando ela assumiu a primeira coisa que fez foi chamar todo mundo que
trabalhava em home office pra voltar a trabalhar na sede da empresa. Essa nossa
conversa deve ter sido em 2013 ou 2014 e não esqueci. De lá pra cá sempre me
chamou atenção os resultados das empresas da área de TI, as estratégias e a
política de trabalho e agora se compararmos os resultados da Google com os do
Yahoo veremos que o que fez diferença entre o sucesso e o fracasso certamente
não foi a política de trabalho, mas a gestão da empresa. A Google foca nos seus
produtos e na aderência ao mercado, cria produtos que as pessoas se perguntam “como
eu vivia sem isso antes” (Google Maps que diga), contrata os melhores do mundo
e dá liberdade para estas pessoas fazerem o que elas fazem de melhor!!!
Afinal o que é importante para sua
empresa?